24/02/2013

As bênçãos de Balaão e sua jumenta faladeira


Autor: Euriano Sales


Tem gente na igreja
Que tem medo de maldição
Tem medo de praga, macumba
Olho gordo e amarração
Se cruzar por um gato preto
Corre atrás de oração

Tem gente na igreja
Que diz ter fé em Jesus
Que se benze, bebe água ungida
Recebe oração do pai da luz
Faz a famosa mandinga gospel
Apela inté pro sinal da cruz

Tem gente na igreja
Que tem caixinha de promessa
Ler um versículo por dia
Que é pra benção sair depressa
E lá só tem versículo bom
Pois ruim não interessa

Como é que gente assim
Ainda diz ser cristão
Se Jesus morreu na cruz
Quebrando toda a maldição
Crer em Cristo já basta
Essa é a única condição

Certo dia o povo de Israel
Se aproximava dos moabitas
Quando Balaque, rei de Moabe
Deixou a cidade toda aflita
Pois tava se pelando de medo
Daquele povo israelita

Enviou seus mensageiros
Até a casa de Balaão
Um homem muito respeitado
De grande reputação
O que ele falava dava certo
Seja benção ou maldição

Pediram a Balaão
Para vir até Moabe
E soltasse uma maldição
Que em Israel desabe
Que não sobre um vivo
Que o povo todo se acabe

Balaão pediu licença
E foi falar com o Senhor
Mas Deus não permitiu
Amaldiçoar quem Ele abençoou
Balãao despachou o povo
E o pé dali não arredou

Balaque não se conteve
Mandou um povo importante
Pra convencer Balaão de ir
Com eles mais adiante
E amaldiçoar Israel
Aquele povo retirante

Balaão falou com Deus
E o Senhor deixou ele ir
Mas só faria alguma coisa
Que Deus viesse a permitir
Balaão pegou sua jumenta
E a selou para partir

Mas no meio do caminho
Deus resolveu impedir
Enviou um anjo à estrada
Com o intuito de proibir
E fazer com que Balaão
Desistisse de ir

Mas balaão nem viu o anjo
E continuou sua viajem
Mas a Jumenta dele viu
E sem um pingo de coragem
Saiu foi fora da estrada
Procurando outra passagem

Balaão disse a jumenta
Pra voltar pro seu caminho
A jumentinha obedeceu
E foi andando devagarinho
Dá se fé o anjo aparece
Pra jumenta bem de pertinho

A jumenta se espreme toda
E machuca o pé de Balaão
A dor deve ter sido grande
Pois a sua primeira reação
Foi plantar a peia na jumenta
Pra ela prestar atenção

O anjo aparece de novo
Num espaço bem estreito
E bloqueia todo o caminho
Pra ninguém passar direito
A jumenta se joga no chão
Como forma de respeito

Balaão já tava invocado
Com as atitudes da jumenta
Com um vara sentou-lhe a mão
Foi vinte, trinta, quarenta
Cinquenta lapada no espinhaço
Ai a jumenta não agüenta

A jumenta já tava roxa
De tanto apanhar
E como não dizia nada
Pois só sabia relinchar
Deus fez com que a jumenta
Desembestasse a falar

“Balaão pelo amor de Deus
Pra quê essa violência
Você já me bateu três vez
Não tem um pingo de paciência
O que foi que eu fiz de errado?
Foi alguma desobediência?"

Ai Balaão se invocou
Pois a jumenta tava falando
E pronunciava direitinho
Podia mandar pro soletrando
E o pior que não era uma simples fala
Ela tava era se reclamando

Balaão disse: Ôxiiii…
Se tá de brincadeira?
Se eu tivesse uma espada,
Uma faca ou inté uma peixeira
Tinha lhe matado agora
Pra você parar de besteira

A jumenta disse pra ele:
O senhor acha que eu tô brincando?
Eu sou de sua confiança
Há vários anos venho lhe carregando
Eu por acaso já aprontei uma
Pro senhor vir recriminando?

 Ai Deus na mesma hora
Fez com que Balaão
Enxergasse o anjo
E entendesse a situação
Deus o recriminou
Pela sua má ação

Mas depois de arrependido
Deus disse pra ele continuar
E quando chegasse em Moabe
Esperasse Ele ordenar
Pois Balaão só falaria
Aquilo que Deus mandar

Depois de oferecer sacrifício
Balaão esperou Deus falar
Ouviu tudo atentamente
E foi ao povo pronunciar
Mas ao invés de maldição
Deus mandou foi abençoar

"Como é que eu poderia
Abrir a boca e amaldiçoar
Um povo cujo o Eterno
Nunca quis condenar
Eles terão a morte dos justos
Ninguém pode os acusar"

Balaque não acreditou
No que ouviu de Balaão
Como é que eu lhe trago aqui
Lhe dou comida e acomodação
E você vem falar de benção
Ao invés de maldição?

Venha comigo, venha
Vamos pra outro lugar
Mas por favor Balaão
Quando chegarmos lá
Converse com esse seu Deus
E me faça o favor de amaldiçoar

Balaão falou com Deus
E a história se repetiu
Ao invés de maldição
O que o povo mais ouviu
Foi Balaão falar da Bençãos
Que Deus por ele transmitiu

Balaque ficou injuriado
Não estava acreditando
Mas mesmo assim insistiu
Pois não tava funcionando
Levou Balaão pra outro lugar
E uma maldição ficou esperando

Balaão Já sabia
O que Deus tava querendo
Por isso nem perdeu tempo
Pelo contrário, foi logo dizendo
Abençoou o povo de Israel
Falou enquanto tava pudendo

Balaque o interrompeu
Mandou ele se calar
E arrumar as trouxas
E de Moabe se mandar
Pois não fez o trabalho direito
Que era apenas amaldiçoar

Balaão antes de ir embora
E voltar pra sua cidade
Falou o que Balaque não queria
Lhe disse um monte de verdade
Profetizou só coisa ruim
Falou com gosto e vontade

E lendo uma história dessa
Como eu posso acreditar
Que praga e maldição
Pode o Cristão alcançar
Não tenha medo disso não
Não precisa se preocupar