09/06/2010

Eclesiástes

Autor: Fernando Paixão


Ó musa da poesia
Embala nos braços teus,
Este poeta que implora
As santas graças de Deus
Pra versar sobre uma obra
Dos arquivos dos judeus.

Falarei com precisão
Sem causar quaisquer desgastes.
Mergulharei no universo
Das verdades e contrastes
Da obra de Coelet
O livro de Eclesiastes.

Coelet e Eclesiastes
Estes termos são iguais,
Traduz-se por assembléia
Nas traduções naturais;
Um hebraico o outro grego
Nas línguas originais.

Não sabemos qual o nome
De quem a obra escreveu,
Foi chamado Eclesiastes
Ou Coelet, o judeu.
Por pregar à “assembléia”
Esse título recebeu.

Coelet foi um mestre,
Viveu em Jerusalém,
Meados do século III
Num cenário onde tem
Poderosa dinastia
Fazendo o que lhe convém.

O helenismo alcançava
Nesse tempo a hegemonia.
Por todo o mediterrâneo
Grande exploração havia,
Na era ptolemaica
Com sede em Alexandria.

Por pagar muitos tributos
O povo ficava aflito
Nesse tempo a Palestina
Era apenas um distrito,
Província da Celessíria
Dominada pelo Egito.

O império se aliava
As classes sacerdotais,
Dessa forma o povo era
Explorado até demais,
A população sofria
Injustiças sociais.

E o Sumo Sacerdote,
Homem influente e astuto,
Governava a Palestina
Com poder absoluto
Aliava-se ao império
Na cobrança do tributo.

Por causa da opressão
O povo se desanima,
Com falta de horizontes
Vai perdendo sua estima,
Coelet, o velho sábio
Procura mudar o clima.

O pensamento do sábio
É por demais diferente,
Vai muito além da mesmice,
Ideais da sua gente;
Supera a ideologia
Da dominação vigente.

O autor se denomina
O sábio rei Salomão,
Mas, esse fato faz parte
De uma rica tradição,
Pra dar mais autoridade
A obra e a redação.

Diante do sofrimento,
Dominação e maldade,
Que pode fazer o homem
Pra mudar a realidade,
Conquistar a plenitude
Da sua felicidade?

Eclesiastes escreveu
Uma prosa ritmada
Expressando o sentimento
De uma nação explorada
Vou transpor sua mensagem
Na poesia rimada.

Tudo na vida é fugaz
Tudo é muito passageiro!
Que proveito tira o homem
Do trabalho rotineiro?
Tudo, debaixo do sol,
É fugaz, passa ligeiro.
(1,2-3)

As gerações vão e vêm
O sol se põe e levanta,
O vento dá suas voltas,
Assobia, sopra e canta.
Em busca de explicações
O homem sofre, se espanta!
(1,4-6)

Os rios correm pro mar
Mas não fá-lo transbordar.
Por mais que o homem procure
Não consegue desvendar
Os mistérios que há na vida
Porque tudo vai passar.
(1,7-11)

Pra que tanta sapiência,
Tanta riqueza e poder,
Se a vida é mesmo fugaz,
É como o vento a correr
Varrendo o luxo e a vaidade
Nos deixando o padecer?
(1,12-18)

O riso falso é tolice
No curto tempo de vida.
Para que a insensatez,
Entregar-se pra bebida?
Pra que obras grandiosas
Se a consciência é falida?
(2,1-11)

O insensato não tem
Consciência do divino;
É diferente do sábio
Que não vive em desatino.
Mas o sábio e o insensato
Terão o mesmo destino.
(2,13-16)

O trabalho quando é árduo
Deixa o homem afadigado;
E tudo que ele produz
Por alguém será herdado.
Se o trabalho é prazeroso
Terá melhor resultado.
(2,17-26)

Para tudo existe um tempo
Isso temos que entender!
Tem o tempo pra plantar
E o tempo de colher,
O tempo do nascimento
E o tempo de morrer.
(3,1-3)

O tempo da construção,
E tempo pra destruir,
O tempo para chorar,
Tem o tempo pra sorrir,
O tempo para o regresso,
E o tempo pra gente ir.
(3,4)

O tempo de recolher,
E o tempo de dispersar,
Tem o tempo do abraço
E o tempo pra separar,
O tempo para perder
E o tempo pra ganhar.
(3,5-6)

O tempo de jogar fora
E o tempo de guardar
Tem o tempo do silêncio
E o tempo de falar
Tem o tempo para o ódio
E o tempo para amar.
(3,7-8)

A vida só tem sentido
Quando a gente vive bem,
Usufrui o resultado
Que do trabalho advém.
Amar a Deus e ao próximo
Sem fazer mal a ninguém.
(3,12-14)

Seremos todos julgados
Como diz a Escritura:
O insensato e o justo
Sofrerão mesma amargura
No fim todos estaremos
Nos braços da sepultura.
(3,16-22)

Debaixo do sol existe
Opressores e oprimidos.
Os primeiros são cruéis,
Fabricam dor e gemidos,
Os segundos se arrependem
De um dia terem nascidos.
(4,1-3)

Que nossa vida não seja
Constante competição
Que o homem saiba enxergar
Na face do seu irmão,
Um parceiro que partilha
A doçura do seu pão.
(4,4-6)

Não é bom que o homem viva
Neste mundo, tão sozinho,
Amargando a solidão
Sem afago e sem carinho;
Quando dois seres se deitam
Aquencem melhor o ninho.
(4,7-12)

Todo poder é fugaz,
Sua mudança é constante,
Seja um velho experiente
Ou um jovem militante;
Nenhum ser se perpetua
No trono do governante.
(4,13-16)

Quando for falar com Deus,
Ao entrar no santuário,
Não multiplique as palavras
Fale só o necessário;
Ao fazer uma promessa
Cumpra todo o itinerário.
(5,1-6)

A pirâmide da injustiça
Tem o pobre como base.
Mas, se o pobre se organiza,
Não há força que o arrase.
Hoje quem ocupa o topo,
Amanhã muda de fase.
(5,7-8)

A ganância por dinheiro
É uma coisa insaciável,
Quem acumula riqueza
Não tem o sono saudável,
Não tem paz nem tem sossego,
Seu patrimônio é instável.
(5,9-11)

O homem, pra ser feliz,
Tem que comer e beber,
Acabar com o sofrimento,
A fadiga e o padecer,
Pois a vida chama o homem
Pra ser feliz e viver.
(5,17-19)

Há pessoas que recebem
Riqueza, honra e conforto.
Mas, há pobre que na vida,
Mais parece um ente morto,
Não sabendo se é melhor
Estar vivo ou ser um aborto.
(6,1-3)

O homem é ser pequeno
Diante do criador.
Só Deus sabe dos mistérios
Pois é ser superior.
O homem nos seus limites,
Não passa de um pecador.
(6,10-12)

Parece a morte melhor
Que o dia do nascimento.
É melhor estar na casa
Que não tem divertimento.
É aí que o sábio aguça
O seu nobre pensamento.
(7,1-5)

Não fique tão irritado,
Leve a vida com prudência.
Não lamente o seu passado
Com sua benevolência.
Não faça como o insensato
Tenha calma e paciência.
(7,8-10)

Importante para o homem
É sua sabedoria.
É viver o seu presente
Ser feliz a cada dia,
Contemplar as maravilhas
Que Deus neste mundo cria.
(7,11-14)

Toda nossa natureza
Deve ser equilibrada.
Não seja justo nem sábio
De forma demasiada;
Não há justo que não peque
Ao longo da caminhada.
(7,15-20)

Pesquisei e descobri
Que os filhos de Deus na terra,
Seja um homem ou mulher,
Na cidade campo ou serra,
Entre todos não achei
Nenhum deles que não erra.
(7,25-29)

O sábio não é aquele
Que só conhece as ciências,
Mas, aquele que contempla
O mistério das essências,
Que é capaz de enxergar
Para além das aparências.
(8,1)

Diante de um poderoso,
Um rei, uma autoridade,
Seja prudente e procure
Agir com simplicidade,
Não vale a pena fazer
Nenhuma rivalidade.
(8,2-7)

Quando a justiça nos falta
Não importa ser um justo,
Eu vejo o justo sofrendo
Muito mais do que o injusto.
Eu vejo o pobre implorando
Por justiça a qualquer custo.
(8,10-14)

Ninguém nesta vida breve
Conhece a sabedoria,
Mesmo que alguém a procure
Seja de noite ou de dia,
Jamais compreenderá
Os mistérios que Deus cria.
(8,16-17)

Viver sempre vale a pena
Apesar das más ações,
Pois a vida é sempre feita
De muitas contradições.
E nossa felicidade
Depende das relações.
(9,1-6)

Coma seu pão com alegria
Toma o vinho com prazer
Sei que a vida é muito breve,
Não nos polpa o padecer,
Sonhe, viva, ame muito...
Que esta vida é pra viver!
(9,7-10)

Um pouco de insensatez
Causa muito prejuízo.
Mas, o homem quando é sábio,
Ele é prudente e preciso,
Não é como o insensato
Que não tem paz nem juízo.
(10,1-3)

Eu vi debaixo do sol
Grande mal acontecer.
Vi o justo na miséria,
Insensato no poder,
Escravos na mordomia
E nobres no padecer!
(10,5-7)

Ai do país governado
Por quem faz corrupção,
Um governo que se esquece
Que sua nobre posição,
Tem como finalidade
Servir ao povo e a nação.
(10,16-17)

Quem não planta nem trabalha
Esse jamais colherá,
Quem fica esperando o tempo,
Também não semeará,
Quem não põe o pé na estrada
Também nunca chegará.
(11,4-6)

É agradável pros olhos
Contemplar o arrebol,
Ver despontar nas colinas
Os raios quentes do sol,
Deslumbrar por entre as flores
O encanto do girassol.
(11,7)

Viva a sua juventude
Com tudo que tem direito.
Conserve as normas de Deus
Guardadas dentro do peito.
Ame a paz e a justiça
Que a vida tem mais proveito!
(11,8-9)

Esta obra eu escrevi
Com a verve acalorada,
Construí o seu enredo
Com estrutura organizada.
Coelet renasceu
Na poesia rimada.

Um comentário:

  1. Olha eu aqui de novo
    Cheio de satisfação
    Vou anunciar ao meu povo
    Através da pregação

    Que conheci esta obra
    Este novo ministério
    Que em poesia desdobra
    O evangelho puro e sério

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